sábado, 29 de dezembro de 2012

Graceful Sight

Grace, this feeling, is a state to the derelict being.
As we may look for familiar things on unfamiliar grounds,
So is Grace - unexpected throng that in silence sounds -
And this uniqueness renders Grace without similar thing.

There is Grace on the soaked sod, and on prosy skies.
And it might lingers on clicking fences at the winds,
Then departs from World, which thereon doubt brings.
Grace, feeling: at the dark of the eye - where it lies.

--- Ulian

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Desejos, não de Victor Hugo, mas meus

http://www.eskideletras.blogspot.com.br/2011/12/victor-hugo-1802-1885.html


ENTÃO...
Desejo que tenhas braços firmes para que possas segurar quem não quer partir.
Desejo que tenhas filhos, poucos, e que neles coloques nomes elegantes, como Olívia, Maria, Alice ou Flávio.
Desejo que consigas rezar sempre que quiseres, e que, rezando, sintas conforto.
Desejo que escrevas, muito, e que seja esta tua única maneira de mentir - posto que escritores e verdade não se dão bem.
Desejo que encontres moedas e notas na rua ou esquecidas por ti, para pensares que ganhar dinheiro é melhor que ser pago.
Desejo que consigas ler quase tudo que quiseres, mas que sempre te sobre algo para ser lido depois e relido depois.
Desejo que leias poesia, nem muita, nem pouca, para não entender do que é feita a alma ou do que é feito o sonho.
Desejo que sejas pessoa prática quando a praticidade for mais necessária - para que, nos demais momentos, saibas agir loucamente, impensadamente, imprevisivelmente.
Desejo que consigas encher tua vida com o máximo de música possível, e que nos momentos que restarem reconheças o valor sem par do silëncio.
Desejo que possas caminhar sempre, e que, caminhando, deixes tuas preocupações tolas pelo caminho.
Desejo que ames sem limites, sem medo, sem razão, sem fim - e que em retorno recebas amor também.
Desejo que envelheças devagar enquanto reconheces a brevidade da vida e exerces o dom da juventude.
Desejo, por fim, que haja em ti sinceridade e honestidade quando te dirigires a ti - pois é franca a natureza, e ela há de te lembrar disso muitas vezes.
E, se isso tudo acontecer... adivinhe...

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Rima Fraca VIII

Quando eu mendigava atenção, a chuva que caía era apenas a chuva que caía.
Não posso ouvir meu coração, e era para ali que a dor que eu tinha se esvaía.
Partir pode não ser a questão, já que a espera não é indiminuta (só se amplia),
Sou, nas confusões, confusão - a certeza que eu tive não era certa. Só sentia.

Aflição? Sentia.
Certeza? Podia.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Celta perdido

Na mata escura um bardo me encontrou,
Ou então fui eu que encontrei o bardo,
E a ele perguntei - para onde eu vou?
Disse ele - não por onde tem andado.

Ele se virou para ir, só se preparou,
Eu estava enraizado ali, não o bardo.
A ele perguntei - diga, onde estou?
Disse ele - onde ainda pesa o fardo.

--- Ulian ---


sábado, 22 de dezembro de 2012

In love with Virginia

Mumbling – down into the soul
Step – into the very mouth of hell
Go – deep down into the river

Walking around the town, leaden feet and soft stride, Mr. Peasant walking among the subjects, the mask of a king-like anyone. They see the jokers, they see the folks from afar, he sees the cute lass on the bakery, they see riff-raff on the square stores of the buildings and the storm stretches above, ignorant of limits, mocking the prisons down below.

It’s noon, people pretend they lunch for living and smile and pretend a little more. Life is good before noon, but better still if it’s noon still.

Alleyless neighborhoods sound like fun, yet boring they may be. Soft flesh down the streets, unsmiling familiar faces all around, thighs of delicate colour abound scarcely. Still waiting for the sincerity of the rain – but the rain itself restrains itself, uncomfortable before such a mundane and self-proclaimed dry company.

Still, rain comes. Never pouring, but gently, as if a long-awaited lover kissed softly, slowly, commonly instead of demanding and wildly. Rain comes down and it seems the streets are flood, streams of unconsciousness where reason dissolves and faces’ humidities are humbled. Down bellow, deep into the waters that flow, all are one and the same, and they never speak of different things neither do they smile or frown in different moods.

The stones on the pocket weight strangely lightly. The heavens were far below, the waters were mirrored on that blue infinity above, rendered leaden by the scowling clouds. The nimbus roars quietly and content as the deluge fills the tiny gaps of human inconsistency. The streams flow, far they go, and down go those too heavy, with hearts hard as stone, and dry as stone, looking for colder water to water it.

No fire, no warmth, no hatred, no love. Only the cold, numbing, dissolving sensation of entering by chance at water’s realm; welcomed by water and by water embraced.

One with the rain, at the cradle of the rain.

God, my spirit is aflow.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Another Leaf Down

Is the flesh ignorant of the frailty of the bone?
Maybe pain is like a comfort - there is some -
for those too deluded to focus on things clear.
Attention is a vagrant wing at wind's shear,
lunacy is its repose - doomed whom feel it done.

Enduring graces are rare; feints steadily come.
It's hard to see the mirage when one's alone,
Yet easy to fall blind if one's companies bear:
Acrowd, if laugh dissolve into a tear;
Alone, if Gods turn me into stone.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Quebramarra

Minha boca - saturada, não suturada.
Minha pele - abandonada, não abonada.
Meus olhares - inconsoláveis, não incontáveis.
Meus sonhos - pesados, não pensados.
-- Frontispício do Templo, Cologne

O cão revoltado descobre-se encoleirado. O barco, ultrajado, percebe suas amarras. A vinha, envergonhada, dá-se conta do cordame. O pássaro, sem reação, desvenda a verticalidade da gaiola. Passamos a vida sujeitando ou sendo sujeitados. Somos todos sujeitos. Alguns predicam (a forma mais simples de falar que prejudicam), mas outros são apenas isso, sujeitos.
O tolo.
O escravo.
O enganado.
O leviano.

Mas há sujeitos que precisam de um predicado - de uma forma de prejudicar.
O mentiroso.
O falso.
O traidor.
O cínico.

E colocam-se, tantas vezes, nessa gramática inócua da vida em uma voz passiva, fantasiando-se, pela metáfora desavisada, quase que nunca como sujeitos.
O tolo foi enganado.
O escravo foi passado para trás.
O enganado foi traído.
O leviano foi ignorado.

E que dizer daqueles sujeitos que descobrem seu lugar sintático nas frases da vida? Daqueles que percebem os nós gramáticos atando-os a algum lugar, o peso da semântica ancorando-os em uma cena única nesse auto complicado?

Deixam de ser sujeitos. Deixam de ser gramáticos. Tornam-se indivíduos. E, sem a gramática delimitando seus passos e seus dorsos, ou pesando em suas frontes e dobrando duas cabeças, descobrem-se livres. Senhores. Gaúchos. Senhores Reitores. Alienistas. Morenos. Ateneus. Casmurros.

Enfim, libertando-se. Nunca livres.
Sempre em libertação.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Se eu pudesse, ia longe.
Se eu pudesse, nadava para longe.
Mas as águas do corpo não levam para longe.
As águas do corpo aí estão - apenas vieram - de longe.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Música no teu Corpo

O whisky era barato, mas fez sua parte. O vinho é bebida de mulher, disse o irlandês, mas ajudou. Acabei lembrando, consegui fazer-me ouvir música que se fez no teu corpo.

Senti-me bem. Por um momento eu fui um bardo, um músico, e de um instrumento único em seu tipo, tirei notas jamais ouvidas. Nem ecoaram longe, eram quatro paredes abafadas, mas a música persistiu. Ganhou vida, como uma estátua de barro fraca que recebe um sopro, e em um lapso de tempo dos mais incertos vinga e desaparece sem sumir – ecoa no ouvido e se implanta na memória.

Afundei os dedos em teus cabelos. Era dedilhar uma harpa, e mesmo que os sons ainda não estivessem afinados, quem poderia ouvir melodia mais clara, mais limpa, mais única? Meus toques percorriam teu corpo, a orquestra a dois ganhava força, ganhava ritmo, os movimentos evoluíam. Quase não havia allegro. Presto, só no pensamento afoito. Mas apesar de ser uma Ária breve, essa música do teu corpo, foi um Largo, um movimento lento que atiçava o pensamento e as notas, superexcitando-as de modo que cada tom, cada toque parecia mais uma música inteira, que em sua perfeição já cedia lugar à próxima, que vinha no resfôlego e no suspiro.

Balançava a pele. Os lábios tremiam. O desejo fremente que inspirava a música se realizava, pois era composta a obra do compositor, ganhava som e vida alheia a ideia pura que tão fugazmente criara raízes no pensamento, e já era agraciada com a forma, com essa música que teu corpo produzia, conduzido.

Allegro. Presto. Largo. Ária. Sim, a princípio era assim a música do teu corpo, uma música clássica, pois de um espírito clássico vem a música erudita (embora ela mesma não se considere assim). Mas me pergunto se é só a nota clássica e orquestral que evoluía dos movimentos de corda do seu corpo, dos movimentos de onda, das realizações do sopro. Talvez fosse mais que música clássica, pois teu corpo dançava despido ao som daquela música ali produzida, ali criada. O que houve naquele momento que pertencia à guitarra do blues? O que consegui daquele dia da batida franca do pop? O que terei experienciado da paz da new age? E se houve também MPB, na vocalização suave que juro ter escutado? E olha, pode bem ter tido um acorde ou dois de música colonial...

Meus Deuses... Que música. E lembro também como houve rock. Amo rock. Clássico, metal, melódico. E cada nota que naquele dia seu corpo em afinamento produziu, conseguia escutar um pouco do que mais amo. Do que mais amava. E, coroando a tudo isso, eu escutava você. Seu sopro, a cadência do seu coração – o tímpano no fundo da orquestra ou a batera moendo quando os sentidos, de tão excitados, encontram a paz?

Não há como expressar você em palavras, pois as palavras mudam demais. Os juízos escritos mudam demais. Falseiam-se. Simulam verdade quando são falsos desde um começo não rabiscado. Você teria de ser as melhores palavras unidas em uma sequência, que nem lógica deveria ser. Mas talvez haja como expressar você em música, e seria com as melhores notas.

Mas o instrumento se foi. A última corda partiu-se em meu pensamento. Tudo o que resta é a música.

Que ecoa.

Meu Deus, ecoa.


Ulian, 12/12/2012

Versos - Trigal, inverno

Cada sonho que se acaba é um acidente sem sujeito.
Cada medo que se instala é uma dor já incubada.
Cada peso que se sente é uma ausência do riso.
Cada porre que tonteia é um idílio aproveitado.
Cada corrente que se quebra é um fato selado.
Cada tragédia que se instaura é um pesar que se afasta.
Cada ente que se vai é uma dúvida espelhada.
Cada sentimento que se esvai é uma hora repetida.
Cada dúvida enraizada é uma coragem emancipada.
Cada consicência liberta é um assomo incontrolado.
Cada olhar enfurecido é um abraço destrançado.
Cada sentença proferida é um percalço imaginado.
Cada batalha perdida é uma morte instituída.
Cada membro que dói é um quê de desalento.
Cada fonte que seca é um futuro abortado.
Cada paciência que termina é um atestado da derrota.
Cada tapa sentido é uma ferida dada.
Cada música calada é um sentimento partido.
Cada anúncio repartido é um alheamento desnudado.
Cada boca com fome é uma fonte de marasmo.
Cada vergonha ignorada é uma chance sincera.
Cada verbo desmedido é um ponto de psicose.
Cada estudo preterido é um pouco de franqueza.
Todo amor perdido é um órgão falecido.

Ulian, 2012

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Less than a beat

His ex-wife and his ex-lover were kissing in front of him, on the sofa.
"Hey, I'm here." yet the women didn't stop.

It is of no avail. In that fraction of a lifetime when love happens, love only exists. Lovers are oblivious to all but their love. In that moment there is nothing but their love, and they are oblivious, blissfully, blessedly oblivious to anything but their love.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Intimismos

Rosas tristes são piores que cabeças de defunto, assim espalhadas pelo chão. Não dormem – estão chorando acordadas, crescendo para apodrecer – pelo chão.

1
Dizem de solidão e fracasso – xipófagos. Um atado ao outro em elos de carne. Quando eu acordo pela manhã, se me sinto só, engano-me: está comigo a solidão, fazendo-me companhia, e conosco mais um, que me condena a essa companhia solitária.
Não fui vencido. Deus, não fui! Só se é derrotado quando há luta, e eis que nem luta houve. Houve apenas duas coisas – fracasso, e solidão.


2
Nada acaba. Tudo morre. Morrem as pessoas, as coisas, os sentimentos, as memórias, as impressões, os significados, as leituras, os pensamentos. Morte, morte, morte, morte, mortes. A todo tempo algo está morrendo, alguma vida fracassando, alguma existência falhando. Algo morrendo pela última vez. O espírito enlutado é aquele coitado que vive na verdade, incapaz de se desvencilhar da crueza de um mundo de morte, fracassado no esforço de fugir para um mundo de alheamento, desvencilhado desse sopro, dessa ideia, desse constante despertar para acabar, de morte.


3
Dizem que ideias, uma vez mortas, estão mortas para sempre. Sentimentos esquecidos, impressões perdidas, algumas deidades obscuras, textos a lápis. É a praga da sanidade, é o fardo da memória, é a tristeza da consciência: querem nos fazer lembrar de tudo, pensar sempre, e no que pensar, quando tudo morre e do que lembramos, até morrer, é que morreu aquilo que fomos, que sentimos, que pensamos. Não há tristeza nem felicidade no existir pelo existir – não há nada, e se é essencialmente o que se parece. Deixa-se de ser, pois não há “ser”, não há “eu”. Nada há.


4
Quando um sofre, sofre essencialmente só, pois é só sua a dor que sente. Dois ou mais podem beber da mesma dor, diminuir no mesmo ocaso, mas a dor é um privilégio da individualidade. Milhões passam fome, e o desempregado não para de chorar. O homem enviuvou-se, e a menina sem o cinema não deixa de estar triste. Há dores e dores, há pessoas e pessoas, há peitos e peitos. Cada chave abre um trinco por vez, cada dor retorce um mediastino diferente, cada perda lastima um choro sem par.


5
Pode haver amor de um? Paz de um lado só? Amizade de um único representante? Ou há sentimentos e impressões que só existem em conjunto?
Pergunto-me: para que?
Erro do sujeito? Ilusão do iludido? Cegueira do indivíduo?
Quão rápido damo-nos conta da ilusão, vemo-la real; e tão devagar é o fim, a morte, a partida. Zarpa o barco sem demora, célere sob o vento auspicioso e a maré alta, tantos crendo na ilusão do desembarque, que só existe em sonhos, e na chegada vindoura, que na partida e na viagem não existe. E como é devagar o naufrágio, lento o soçobrar, difícil baixar tão dentro do mar – e a razão, iludida, nos faz crer quando dizem ser rápido, ou pouco.


6
Há desalentos, mas para alguns há alento. Há dores, mas para algumas há cura. Há sonhos, mas eles não têm nada. A realidade em nada condiz com um sonho – o sonho é integrante da realidade – se é sonhado, é real – e não a antítese do que os sentidos do corpo podem sugerir.
Acontece, no entanto, que os sonhos são mais bem sonhados sem expectativas. Muito rápido a esperança passa de bálsamo a veneno, de armadura a ilusão; de alento há desalento.


7
Pode a morte ser um despertar se a vida é um sono do espírito? O homem crê, sonha, espera, se ilude, suscita. E isso tudo normalmente ele faz só. O homem ama, chora, ri, caminha e morre. E isso, vez ou outra, ele pode fazer acompanhado.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

I HELD a jewel in my fingers
And went to sleep.
The day was warm, and winds were prosy;
I said: “’T will keep.”


I woke and chid my honest fingers,—
The gem was gone;
And now an amethyst remembrance
Is all I own.


-- Emily Dickinson

sábado, 17 de novembro de 2012

Minha identidade é a espera - o que espero já é parte do que sou. Estou sempre esperando uma parte de mim, que se foi, ou que nunca fez parte de mim?
Como já não sei, espero...

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Rima Fraca XIII

Meu peito está contrito.
Bem já não tenho dormido.
Se me ouvem, estou aflito,
- um coração, reprimido.

A distância me roubou a amante,
um litígio doloroso, em tempo,
dor se arrasta a todo instante,
- um coração batendo lento.

Orgulho - resta um um pouco
pelo querer que está varado.
Se não sou bom, sou um louco
- um coração, aparado.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Esse Amor Etílico...

   Amam-me. Hora fartamente, hora em pequenas doses. Quando quero ser ressaca, bebericam-me; Quando quero ser poupado, secam-me, esvaziam-me.
   E o problema é meu - que sempre quero o ue não posso ter.
   Bebem-me. Ou de todo coração, ou com medo de desvairar. Quando quero ser amado, exilam-me, iludo-me; Quando quero ser deixado, agarram-me, entrego-me.
   E o problema é meu - que vejo paz e normalidade, sobreidade, onde não pode haver.

.
.
.

Amo e sou amado por extremos. Só sei amar assim. Equilíbrio, pelo que vejo, só para os orientais, e Florbela não falava chinês...

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"I many times thought peace had come", Emily Dickinson

I many times thought peace had come,
When peace was far away.
As wrecked men deem they sight the land
At centre of the sea,

And struggle slacker, but to prove,
As hopeless as I,
How many the fictious shores
Before the harbor lie.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

To Emily Dickinson, the Belle of Amherst

Bliss is a work of countenance,
My humility that myself informs -
I hide or I abstain (ensouled penance)
as if petals work the pierce of thorns.

And as if solitude, unbound,
Moved me from me, to sincerity,
In joyous silence do abound
the labors of one - not society.

sábado, 6 de outubro de 2012

There was no sun the whole day
There is no moon tonight
There are only clouds.
Seeing only clouds...

But I know - the sun is there -
In superior air.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Bliss – the beginning;

Bliss lies on unconformity,
perched on the thorn calendar’s
page, that daily beholden
passes by.

Bliss is there on unforgiven
silence, when screaming a
soul unmutes, uncaring
of reasons why.

Bliss, almost at last,
turns the corner of
the eye, and so faintly
mutters bye.

Bliss is never stalled word,
a never landing bird,
a flight that flight only
can justify.

Bliss is a scattered touch,
prowling at the spine of the skin,
Sense of joy in it found, the purity
of the cry.

Bliss, almost at last,
is an intertwined weave
A mortal secret (doom at best);
yet the hands try.

Bliss – an end.

A felicidade – o começo.
A felicidade – contida no caos,
enquadrada na folha rasgada
do calendário, que se vista
já é passada.
A felicidade – em silente instante,
da alma que no prazer do grito
se põe livre, ignorante –
de suas razões.
A felicidade – quase que enfim,
escapa pelos olhos meus,
e tão sutilmente
sussurra adeus.
A felicidade – palavra irrequieta,
pássaro sem pousar;
o voo, que no voo só
vai explanar.
A felicidade – um toque sem rumo,
a sensação na essência da pele,
se feliz, feliz sem prumo,
ou choro puro.
A felicidade – quase que enfim,
trama entretecida, o fiar,
é do mortal alvo inconstante –
e é do mortal tentar.
A felicidade – um fim.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Merely A Lay

Daydreaming is no answer to yearning.
Forgiving, though spine, is never enough.
Time can deaden a pain or chill the burning,
But the memory remains as vivid and tough.

Isolation is no remedy for sorrow,
and Wandering, though path, is no excuse.
Time can ease past into tomorrow,
But cannot at once personify into Muse.

Inspiration's face, embalmed, cripples Art,
And Art itself seems life itself, at times;
As if the whole, hurt, could live as a part,
As if breath or blood could be verse, a rhyme.

A hurt bird sings the same, or so it seems,
For nobirds can't understand what is its song:
As if Poetry, broken, in dark could gleam,
Or as if a word so short could sound as long.

The answer lies on the thorns, so green,
Though in the petals we fancy the truth to be.
As blood, in vessels few, could reach the brim,
We deny the questions (at root or sinew they be)

Metaphors are no way to cease one's pain.
Paradoxes, though comfort, are never an end.
Time can change movement into quiet refrain,
But the bending of truths is only this - a bend.

Awaken night and drowsy day are of no use,
and so is deliverance itself, if in guise of dreams.
Time can unite threads, melt shards, light a fuse,
But cannot neglect Life, whatever Life seems.

So, if at once, Life would be the guise of Dream,
Deny the petals and bloody vessels so vain,
From drunk laughter dive in Truth, though grim,
And so you may hope to find surcease for Pain.

sábado, 15 de setembro de 2012

Gregoriana

A presença é um fardo. Pesado.
A ausência é contagiosa. Penosa.
Saudade é dor que espreita. Estreita.
Ficar longe da boca amada. Eleita.
               E como aguentar o passar da hora, agora?
               Ou como afrontar a desdita, maldita?
               É ficar cego, e isolado ficando, no canto,
               Ou é perder para quem vence, tanto?

Desprezo a criança que fui; se eu fui,
E meu futuro é pergunta aberta, incerta.
Passam dias sem eu ser meu senhor. Horror,
E minha vida não segue sem abalo. Temor.
               Vivo bem ao olhar de longe. Daonde?
               Tenho ocupação e não peno (veneno)

               Mas me perturba algo de dentro. Crescendo.
               Me atormenta um destino quebrado. Sofrendo.

Não sei o que sou, fui, ou o que quero. Espero.
Sei que sinto um tanto de saudade. E vaidade.
E passa minha idade tão tola assim. Por mim.
Até que sozinho eu veja que é tarde. No fim.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Pé do Ouvido

Alianças são elos de correntes,
alguns não os podem suportar.
Outros os buscam conscientes:
Eu não me quero libertar.

Umas palavras suas me liberam,
você disse, muito de perto,
e afrouxou os nós que apertam,
mas eu prefiro não ser liberto.

"Ainda", still em inglês (="parado")
ou yet (lembra "sim", concordância).
 Ainda não esqueceu o desajeitado,
duas ideias que se perdem (distância). 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Aviltamento

Vivemos a cada instante um momento que não seja o presente.
O presente não é vivido, por ele se passa quase sem perceber
um passo louco, desvairado de quem quer o furuto que não se quer,
de quem vive um passado imemorável avivado no ente fictício
(a mente)

Vivemos a cada instante um momento que não seja o presente,
sendo este um presente de dor. Sem álcool ou tristeza, ou amor,
é difícil interpor. Transpor. Transmutar. Compor. E o passado,
que hora é consolo, é dor. O futuro, hora esperança, é promessa.
(de dor)

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Clearwater

Take away this fire of hatred
from the chest of mine,
then quench this hellfire on the
cold waters of the heart thine.

Let me drink the gulp of life
from the heart thine;
The goblet of life of fleshy alloy
turn over to the mouth of mine.

Pour the content of your heart,
let it flow from the chest thine,
this brief flood may water
the dryness, the chest of mine.

So let it flow, this water of life,
laked on the heart thine,
either water me briefly, my thirst,
or drown the being of mine.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Silent Slithering Snakes

Somber satin skin slithering snakes
Skulk sounding sober, silencing sakes:
Silent suffering, sobbing sinking,
Soothing sermons, silent serenity.

Sealed secrets, snake secrecy,
Sneaky silhouettes, snake sorcery.
Searing segments, snake solacy,
Suffocating scale, snake solemnitiy

(Suffused songs, such somber slither!
Sought stomps, separating surges)

Somber satin snakes sat saying:
"Sight! Seek! Sing! Sigh! Sink!"
Silent sinking, sobbing secretly,
Separated song; suffused surge?

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Biune

Reminisce, for touching her is like touching nobody else.
Hers is beauty, and hers is the cold and hers is the perfume.
Crush my hands and cut my fingers, for their utility fails.
Pluck my eyes out and cripple the beating of my heart:
Their existance, in biunity remembered, is led to naught.

And let time and trees sing with singsong voices and chord,
For my mind, beholden to time, is by it bound and mute,
and my gagged voice and my darkened sight are all to me.
A biunity of form and essence, like song and grapheme,
I crave to see. My eyes sing and my voice stares; at me.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Moonmourning

And so the Sun has set down on my life.
Oh I wished not to endure this long night,
Alas! I'm the moon; cease the peace of strife
Shake hopes of despair, summon dark from light.

The sky darkens. Lush life grows dry.
It's night. An axis in paraselene there'll be.
I'm weary, must shine, try not not to try...
The sky is calling, starry abode.
     may the skies mourn with me]

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Clarividência

   Eu a imagino rindo, e lembro assim de todas as memórias que partilhamos, todas as coisas que vivemos juntos. As nossas férias, os nossos sob as árvores, o sol nos seus cabelos, as idas e vindas por entre as pessoas, as festas com os amigos, as noites de brigar e as de perdoar.
   E aquele dia em que quase perdemos o barco? Corremos pelo cais, alguns passos apenas, e alcançamos a embarcaçao no último instante. Nada foi melhor naquela viagem do que aquela corrida pelo cais, rimos durante anos, sempre que lembrávamos disso no natal.
   E entao fomos para nossa casa, a nossa casa, e ali vivemos uma única vida, pois embora sempre separados, éramos um só, sempre juntos.
   Mas um dia eu acordei, e estava só. Nao havia ninguém do outro lado do travesseiro, ninguém ali em que eu pudesse me espelhar. O vazio dormira comigo e mme acordou com seu silêncio. Você nao estava mais lá. Tínhamos apenas poucos anos e pouca vida juntos, e tudo o que lembrei, esqueci. Eu estava nos meus lençois e você provavelmente devia estar nos seus. Foi tudo um sonho que se sonha acordado? Ou foi uma vida vivida dormindo da qual um dia se despertou, para viver?
   Uma vida torta. Um caminho estranho. Um pedido esconso. Uma prece surda.
   Predirei o passado, lembrarei do futuro.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Noite Escura

Florbela, quem melhor do que a senhora nesta metade para meia noite para quem pede meio amor quando se é amálgama de metade?

O Teu Segredo
O mundo diz-te alegre porque o riso
Desabrocha em tua boca, docemente
Como uma flor de luz! Meigo sorriso
Que na tua boca poisa alegremente!
Chama-te o mundo alegre. Ai, meu amor,
Só eu inda li bem nessa alegria!…
Também parece alegre a triste cor
Do sol, à tarde, ao despedir-se o dia!…
És triste; eu sei. Toda suavidade
Tão roxa, como é roxa uma saudade
É a tua alma, amor, cheia de mágoa.
Eu sei que és triste, sei. O meu olhar
Descobriu o segredo, que a cantar
Repoisa nos teus olhos rasos d’água!…

por Florbela Espanca

Para quem sinto perder e muito sentiria em perder,
minhas desculpas por ser exagerado,
minhas desculpas por ser sanguíneo,
minhas desculpas por ser assim sem saber porquê.

domingo, 19 de agosto de 2012

N. do A. no Livro do Cinismo

Sempre tive horror a incomodar, mas isso nunca me impediu de acabar por incomodar.
Nao consigo me colocar a favor do abandono, que abomino, mas cometi meus pecados neste crime.
Tenho uma opiniao depreciativa a respeito de mentiras, mas nao disperdiço essa minha habilidade, modéstia a parte, tao boa de metaforizar a verdade.
Tenho horror a máscaras, tendo eu mesmo tantas sobre meus olhos.
Desapego me da pessoas, sobretudo daquelas a quem mais me apego.
A difícil habilidade em aceitar um erro me falha miseravelmente quando erro, o que muito comumente acontece.
Ah, o cinismo, cínico demais para ser um pecado capital.

Abomino, sempre, quase metade do que assumo. A outra metade, amo incondicionalmente.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Noites Bobas

Nos dias em que acordo humano, guardo motivos para escrever.

O bobo e a boba estavam armados até os dentes, e nao se olhavam porque estavam morrendo de medo de medo de ferir, de ferir um ao outro. Mas há esse negócio da confiança e esse diabo dos medos dos outros, e assim seguiram, afiando as armas e tocando os ombros, e joelhos.

A boba quis ir embora, mas o bobo quis ser veloz: foi rápido até a rua e a enrolou toda, o asfalto estava dobrado, as calçadas, bem guardadas. Os postes, enrolados, pareciam voltas de caracol vagamundo.
"Como pode?" disse, sendo dela a porta "O tanto que o mundo me faz triste só pode ser comparado e igualado pela alegria que você me traz. Quem me faz triste é o mundo, quem me emboba é você, minha boba!"

Muita bobice.


E se nao espero aquele céu, aquele último sol, e me atiro de peito aberto para o firmamento?
E se consigo aquela constância, aquele descompasso ritmado, e me desacerto no caminho?
E se nao supero as falhas de dois em um, e me perco no que sucumbo aos medos de um ou dois?
E se falho naquele jogo perverso do cinismo bonito, e me desembesto rumo ao nao sei o que?
E se nao ordeno meus pensamentos rebelados, e me aflijo sem razao por tentar a racionalidade?
E se creio no que deveria crer quando nao creio também, e me acredito nao querer crer no que creio?
E se nao confio e desconfio na dosagem fatal, e me embesto e humanizo na medida imensurada?
E se sonho, demais, ao invés de me ovirem chamar, e se olho, procuro acordado, na calada da noite?


Isse. É sempre um dilema de ir que nao foi. Um tempo verbal perdido, digo eu, que nao me vejo na gramática.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O que é concatenar?


Nao sei o que é ser mulher, mas ser homem é um esforço diário e é coisa que só se aprende mesmo com o passar do tempo, muito mais admitindo os vários erros do que percebendo este ou aquele acerto. Aliás, desconfio que nesse mundo louco, que nos faz platonizar, ser gente é coisa difícil para todos, como se ser humano fosse um esforço praticamente inumano.

domingo, 12 de agosto de 2012

Ano Um

Meu coraçao já foi meu por muito tempo.
Penso que agora encontrei alguém que cuide dele melhor.
Pertence a uma outra pessoa, uma dona que o conquista mais.
E vejo como é valioso o meu coraçao, muito provavemente um dos maiores bens da Terra.
Afinal, é nele que está você.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Missal

Minha alma foi evangelizada pelo Deus em teus olhos,
E só diante de ti me ajoelho.

Minha paz foi arrebatada no altar do teu colo,
E só diante dele eu choro.

Minha fé foi retradada no confessionário, teu beijo,
E só nele eu me absolvo.

Meu corpo é asilado na igreja do teu abraço,
E, vê, só nela eu sou salvo.

domingo, 29 de julho de 2012

Tratado do Amor Branco


Durante quarenta e três anos tentei ser um poeta. Percebi com o passar do tempo que nada eu escrevera naquela página, sempre em branco, sempre comigo. Nem mesmo uma data, que riscada fosse várias vezes, eu pintara naquela folha. Durante anos ela permaneceu do mesmo modo que veio a mim, marcada talvez apenas pelo meu cotovelo, que segurava a cabeça distraída, ou pela carícia da minha mão, automatizada no pétreo esforço de fazer pender uma caneta inexpressiva.
Durante quarenta e três anos tentei ser um poeta. Percebi um dia que me casei em sonhos com uma moça que me pegara pelo nome – vi seu nome numa lista e aquele nome me pegou. Apaixonei-me por um nome, pego pela palavra como, sempre fui. Depois do nome veio a moça cuja tez o precedia, e por ela enamorei-me além do que as palavras podiam dizer. Divorciei-me destas, em litígio impensado, e não vi que solteiro era poeta, enamorado era apenas namorado.
Percebi um dia que mudamos para Roma porque ela é católica, embora eu tivesse apaixonado-me por um nome outro, Reikjavic. E, abraçando-a, escondida no bolso a chave daquela casa em Roma que ela achava que ia deixar e que eu não queria deixá-la saber que já era dela, perguntei-lhe se se lembrava de quando nos conhecemos. E ela sonhou novamente nos meus braços como dera-se nosso encontro: eu lera seu nome numa lista e estava apaixonado.
E quando, de mudança, aceitando que Reikjavic não era minha, achei uma folha em branco. Reconheci-a e ela me reconheceu.
“Durante quarenta e três anos tentei ser um poeta.” Disse eu, para mim e para a folha. Um de nós chorou uma lágrima quase seca, daquelas que brotam nos olhos já quase mortas antes mesmo de rolar pelo rosto quase morto.
Creio guardar ainda aquela mesma folha em algum canto em alguma caixa em algum canto. Ainda não sou poeta, não sei o que quero ser, não sei se quero saber o que é ser poeta. Acho que se tivesse que escrever algo nela, antes de morrer, escreveria apenas uma coisa.
Um nome.


29/07/2012

quinta-feira, 26 de julho de 2012

À minha amada vivaldiana

Chove no meu coração, mas faz sol em meu rosto.
É verão nos meus lábios, mas inverno quieto na minha garganta.
Dou a primavera dos meus braços para quem me traz ao mesmo tempo à flor e o outrono da alma -
Mudando as estações no rosto, coração e peito.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Estou chato e quase já não consigo mudar. Viro sempre três a direita, e assim acabo sendo sempre levado para a esquerda, andando em quadrados nos quais é impossível se achar e perder.

Estou estranho e quase já não me reconheço mais. Estou virando parte do chão e do ar e das paredes e do quadro de giz, uma parte do ambiente que se move e fala, sempre pesada.

Estou sumido e quase já não me lembro mais. Não lembro nem a última vez em que me achei no espelho, onde quase nunca me procuro, e só me ouço em silêncio.

Estou mudado e quase já não me entendo mais. Nem me entendem, nem me entendo, não entendo meu não entendimento e entendo só não me entenderem.

Estou falando mais, incomodando mais, reclamando mais, dessonhando mais, conformando mais, afastando mais, chateando mais, desistindo mais, amargando mais, esmaecendo mais, desesperando mais, apagando mais, mudando mais...
Sempre demais...

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Alma Entregue

Forma com teu coração uma dupla atendida,
A parceria amiga na conversa entendida
Que pela forma da necessidade expressa é composta,
a simplicidade complexa, pelas águas do corpo exposta.

Forma com teu coração uma dupla contida,
Retorno sem partida, jornadas sem ida,
Que pelo crer na verdade se torna conforme,
a confiança perdida, feita de negações uniforme

Forma com teu coração uma dupla entretida,
Silêncio de dois, cura e consolo em ferida,
O avanço que voa para além de fatal encosta,
A coragem nos vícios que é pela vida imposta.

Forma, de teu coração, uma força mantida
Por fé, por verdade íntima, dor sentida,
Na extravagância da descrença oposta,
Que no encontro secreto do beijo se mostra.

---
Há quem não acredite que vale a pena ser verdadeiro e franco ou sincero em todas as empreitadas. Se é, não o sei. Mas o faço. E verdade não é coisa que para todos seja a mesma - conflito de termos - verdade é, como a alma, uma coisa de cada um.

domingo, 1 de julho de 2012

The roses I sow - I expect the dryness of the earth.
The purity I sought - I expect delusion to exort.
The dreams I dream - I dream in fancy for art.

The lives I lived - I remember the harrowing.
The songs I sang - I entombed them in my mouth.
The steps I trod - I clipped for my face's sake.

The smiles I smile - I think them unsure.
The doubts I breath - I see them secure.
The bread I take - I judge it alms given.

The hopes I have - I hear them as all.
The strength I have - I fear it failing.
The Gods I adore - I'm mute.

On Moonsinging

Did you ever moonsing?
Those who never moonsang can't see the Moon as it really is - or can they?
Moonsinging - sighing and sighting it is - listening to the Moon more than singing with it.
Singing to it, pointless - the Moon can't hear you;
Singing with it, all that matters - the Moon with you.
And the Moon, a silver lattice on the dark-taken dome,
More singing then sighting or sighing, can sing with you.

Methinks that I can moonsing.
Things of silver, things of shiny allegiance. Flickering, haunting things of balming.
Tokens of echoing, of vult and remembrance. Radiant, quiet thoughts of cold.
Silent shattering, profuse - moonsight and moonsought:
Silent passing, confuse - following the one who follows you.
And I, moonsing, wandering and wondering dusk-taken,
More sighing or sighting then singing, singing with the Moon.


-- I`ve got an arrow here --
-- Vainly I had sought to borrow surcease of sorrow --
-- Nor shadows dim her way --

domingo, 10 de junho de 2012

Poucos que sei

Do dia ficam vagas imagens
Que unidas em grande miragem
Eu tenho, em tolice, por viagem.
Entendia, sorria, calava, cismava
Nada imaginando eu andava,
Mais e mais ledo em meu engano,
Sei! Sei o quanto me enganava...

Não sei se fico, caio ou ando,
entendo pouco, sonho vagando,
o coração o passo desacelerando,
presente das horas que passam,
Não dos segundos que se gastam,
entendo que por baixo do pano
o céu sofre os dias que se arrastam...

Seu silêncio, sol, me desconcerta,
porque sorrio com aspereza certa
que chora risos na boca aberta.
quer se esconder na sombra comigo?
de varde, à toda, deixar passar ano?
"mim? me? comigo? ti? te? contigo?"

sábado, 9 de junho de 2012

Não Entendimento

Dizem-me "viva!", mas não estou morrendo.
Dizem-me "durma!", mas não tenho sono.
Querem que eu pare, mas não comecei.
Querem que eu continue - nem parei.

Comemoram (viva!) minha ignorância?
Ludibriam (durma!) minha atenção?
Paz insensata, querer dubitável.
Mesmice serena, vazio amável.

E vai-se a vida, viva, sem saber como,
e digo quieta, durma, à paz gritante.
Como quisesse dor enganado amor,
ou pedisse vivas, sonolento instante.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Li dos trabalhos perdidos do amor sem saber como eram,
e quis Amor de Salvação tendo apenas Amor de Perdição.
Aviltar: A Insustentável Leveza do Ser,
querer não escalar uma montanha mágica.

Acordei - A Metamorfose. Dormi. Dormi?
E vou vivendo Guerra e Paz.
Madame Bovary, o que fizemos?
Quo Vadis minha alma, Sexta-Feira do Crusoé...

Quem sou eu para querer Amor de Salvação?
Tudo o que me coube foi Amor de Perdição,
graças aos Cem Anos de Solidão...
Ah, amargas Memórias do Cárcere.

E uma vida, Antologia, segue descompassada.
São minhas Memórias do Subsolo,
São os minutos na Hora das Bruxas.
Peça Escocesa é aquela sem Julieta?

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Once upon a time, I was falling in love
But now, I'm only falling apart
There's nothing I can do
A total eclipse of the heart

Once upon a time, there was light in my life
But now, there's only love in the dark
Nothing I can say
A total eclipse of the heart

domingo, 3 de junho de 2012

Moonheart

Though sorrowful I lie this night, the light of the stars I see - and the Moon sees with me.
Though hopesless I look this night, the warmth of the stars I feel - and the Moon crackles with me.
Though lost I am this night, the barbs of the stars I follow - and the Moon drifts away with me.
Though silent I remain this night, the voice of the stars I hear: and I'll sing my soul to the Moon -
And the Moon sings with me.

terça-feira, 1 de maio de 2012

A Crowned Coward

Like a black bug, I hide within the petals within the petals of a flower of fear. I dwell in a wilt bloom, hiding beneath words that are not my own, always, to hide my crude mute voice. I dress myself of all things a man can guess to hide my nudity from a shunning crowd.

I ask myself:
Is the will to help when having no help to offer more than having the power to help without the will to do so? Who is foolishly pure and innocently void? Me? the Other?

And like a child playing with the scorpion, plucking it on my diminutive hand, feeling the failing vain warmth of its blood, I can feel only the guise and drool of power, of the proud plucking, the glorious crushing - never feeling the sting-brought regret, never mourning the wasted poison.

Leaden Plume

Oh, for a moment I wished
the voices in my head to shut up -
I've been barely able to heed to the angel
and to speak to the devil
perched on my shoulders.

Yet, to my dismay,
I caught myself babbling all along,
and I've got the angel's wings,
and I've got the demon's tail,
and the voices in my head -

- my head perched on my shoulders.

domingo, 29 de abril de 2012

Focus

Meu corpo esfria sem o seu.
A chama pequena que você acendeu no meu peito basta para uma noite fria, mas não para uma vida escura.
Um sonho em vida convertido, incrível, mas no qual eu creio.

Crackle flames, firelove
Let the fire run

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Love's Joys

Love's joys are love's joys only.
Never lonely a lover can rejoice:
The burden of choice is twice felt
And in sorrow dwelt the lone soul,
A frowning brow and broken spine
By love not fine for lonely being.
And the ting of uncaring thoughts
Pushed by odds is into confusion,
and then delusion, its fruits bear
the pall to wear-- the tears only.



Nosso abraço é nossa casa --
apertada, sem teto ou chão,
Para lá com a chuva e o sol,
vendo um ao outro tão perto,
rejuntando as paredes de pele.

Nosso abraço é nossa casa -
E se venta - quando venta,
O calor de um aquece o outro,
E se não - quando não,
O frio de outro acalma o um.

Nosso abraço é nossa casa.
Uma casa, enfim, indiscutível -
inquebrável, inassoprável,
inderrubável, indestrutível.
Por poucas estrelas mantida
iluminada)

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Dante's Prayer



When the dark wood fell before me
Quando diante de mim fez-se a mata escura
And all the paths were overgrown
E toda trilha encoberta jazia,
When the priests of pride say there is no other way
Quando os padres do orgulho dizem não haver outro caminho,
I tilled the sorrows of stone
Eu passei as tristezas da pedra

I did not believe because I could not see
Eu não acreditei porque não pude ver
Though you came to me in the night
Mas você veio até mim, de noite,
When the dawn seemed forever lost
Quando a manhã parecia para sempre perdida,
You showed me your love in the light of the stars
Você me mostrou seu amor na luz das estrelas.

Cast your eyes on the ocean
Jogue seus olhos no oceano,
Cast your soul to the sea
Jogue sua alma no mar,
When the dark night seems endless
Quando a noite escura parecer não mais terminar,
Please remember me
Por favor, lembre-se de mim

Then the mountain rose before me
Então a montanha ergueu-se perante mim,
By the deep well of desire
Pelo profundo poço do desejo;
From the fountain of forgiveness
Da fonte do perdão,
Beyond the ice and fire
Além do gelo e do fogo.

Cast your eyes on the ocean
Cast your soul to the sea
When the dark night seems endless
Please remember me

Though we share this humble path, alone
Eis que partilhamos este humilde caminho, sozinhos
How fragile is the heart
Como o coração é frágil...
Oh give these clay feet wings to fly
Ah, dê a estes pés de barro asas para voar,
To touch the face of the stars
Para tocar a face das estrelas

Breathe life into this feeble heart
Sopre vida neste coração fraco.
Lift this mortal veil of fear
Sunpenda este veu mortal de medo.
Take these crumbled hopes, etched with tears
Pegue estas esperanças destruídas, coladas com lágrimas,
We'll rise above these earthly cares
Vamos para além destas preocupações mundanas

Cast your eyes on the ocean
Cast your soul to the sea
When the dark night seems endless
Please remember me

Please remember me...

domingo, 25 de março de 2012

The papers she writes, the pen she waves - all happier than I am,
For they, which in everything are different from me, touch my dame.
The ink and word in her grace's woven are more blessed than me,
For they, by me envied, only wonder how much with her I long to be.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Da Pedra Platônica

Ficas ali, tal como quem não quer nada,
Mas de longe já sinto tu'alma empedrada:
Minh'alva fronte de pedra engastada
Já te sente andante em nova jornada.

Eu aqui, no meu canto, ensimesmado,
Penso com minha pedra - estou errado?
Mais um passo ou dois: tu do meu lado;
Meu velho medo de, mudo, ser ignorado.

Olho-te, olhas-me, a admiração é de dois,
é mútua, e o desejo que está antes e depois
leva-te ao devaneio, ao "tu és" e o "vós sois".

Mas sabes que alguém, parado, por ti chama?
Talvez sonhes, um dia, da dor, alegria, fama,
dos vários anseios de uma estátua que ama.



E a estátua se apaixonou pelos olhos que a admiravam, sonhando que os olhos, em silêncio confesso, a amavam também. E, em segredo, os olhos de pedra e os olhos de carne fecharam-se em adoração.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Blackheart

Behold! There lies that faint outline,
One worn - not by age nor weariness;
One cast down with a broken spine,
One heavy by burden and loneliness.

Some call it heart, some fancy it soul,
Anima some deem it to be; all I scorn:
For wherever the human being can go,
it is resumed only in wilt, rot or thorn.

Hearts rot, souls wilt and things more,
Yet this burden of the being persists -
The doom of flesh, of bone and gore,
This trials of tears, waists and fists!

The outline, faint, grows and darken,
and the being - uprooted, made public again;
And by air a command goes: "Hearken!"
And senses of spirit and sinew restrain...

Yet this heavy, unlifting refrain undies,
And echoes so gloomy and eerie all around,
That whatever false reason dead lies
When the motifs of reality abound.

O heart, o blackheart, we must be bad...
For what other justice holds this cell?
O heart, o ravenheart, we are now sad...
Undone only at the last toll of the bell.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Caravelando

Quando não digo mais que me sinto sozinho, ou que sempre estou sozinho, as pessoas riem de contentamento e pensam "Ele finalmente aceita que Deus está sempre com ele!" - quem sou eu para causar-lhes espanto?
O fato é que não estou sozinho mesmo, e com essas coisas de Deus eu acho que nem Deus se importa muito. Se não me sinto sozinho é porque, confirmando toda a impressão camoniana de viver-em-verso, minha alma já repousa aquém do lugar que ocupo no espaço. Estou ancorado, um navio contra as ondas, mas a tripulação que me dá vida desembarcou e foi ter em terra com outrem. Uma concha vazia, a pérola adorna o seio de uma dama formosa.

Se não estou sozinho, em parte é porque vivo já em outra pessoa, atado a ela de tal modo que já não importa em qual lugar do espaço encontra-se meu corpo, do qual longe encontro-me liado a almas outras... E se o vento aviva meus panos, é a vontade de buscar meu porto que me o compele a ajudar. E se a água agita os remos, ou se as rêmoras parecem me puxar a quilha, é meu pesar marulhoso e estaleiro que os convence a auxiliar.
O fato é que não estou sozinho. Não o sentiria nem mesmo se o quisesse. A nave, vazia, está ancorada para se ter um lugar que torne o regresso (ou a fuga) possível...
Mas eis que quem desce à terra por lá fica, e o barco, esquecido, consome-se com o tempo...

E as almas, liadas, fazem-se companhia.
A despeito de madeira que enegrece, de mastro que se parte, de velas que se rasgam,
Ou do calhau -
- que se quebra.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Será o coração o verdadeiro amante? O último dos romanticos, aquele que no abraço está na verdade dando um beijo em outro coração?
E estará o coração abraçando aquele coração que ama quando o sentimos apertado?

E será que finalmente desfalece, descompassado, quando o resto do corpo insensível não mais ignora suas saudades cardíacas? E será que finalmente morre, parando de bater, tentando a morte por causa de seu cardioamor?

Será que compõe, que rima, que fantasia átrios e coronárias? Ou será que sonha com veias cavas e delira com hemoglobina?
E quando está acelerado, será a inquietação, sua libido muscular? Ou será que, sendo na verdade tímido, está descomposto e tenta em vão se esconder na sala grande que é o mediastino?

Bem, mas é um bom amante, um bom romântico. Já nas graças do povo falador, ignorante de sua metafísica de s2, recebeu um pouco de justiça:
Coração que é coração não bate, apenas - apanha.
Tal como homem que é homem e não respira, apenas - ama.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Uma Fascinação

Apaixonei-me por um verso encarnado.
É vontade, nem escolha de meu ser:
Faz bem, andar assim, apaixonado?
viver é qualidade, amar é padecer!

Respira, e o verso sorri do meu lado!
É boa obra, por caridade escrito.
Faz bem, ser assim, um tolo admirado?
(é arte da gente, o peito assim constrito)

Apaixonei-me por um verso encarnado.
Um anjo, que ser palpável seja,
Puro sentido pela carne animado.

Faz bem, a poesia que me beija,
- arte da gente, estou apaixonado,
um verso encarnado - que almeja.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Enlightened

I like the bite, because it aches,
As I love the perfume, because it lasts,
And I like the voice, because it echoes,
As I love the breath, which lingers.

Hold me tight, love, for I am fickle -
An incorporeal wight which fades if loose.
Hold me tight, dear, for I am frail -
A confusion of blood, flesh and sinew.

I hold you tight, as dark embraces light,
A sunray I grasp with arms of failing grace.
I hold you tight, as void embraces atom,
A sunray I see with my eyes of tender care.

I like the voice, because it lingers.
I love the bite, because it lasts.
I like the breath, because it echoes.
As I love the perfume, which aches.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Urano Pensativo

"Se você fosse outro que não você, e esparso, seria o céu ou a estrela?"
Assim penso perguntar, mas me faltou por um momento alguma coragem boba que não é vergonha faltar. Talvez a resposta fosse bela, ou mais provavelmente boba, e geraria um par de comentários interessantes e mais palavras novas de amor e novidade sucederiam ao que poderia ser uma boa frase, começo de longa ideia.

Penso, então, que eu devo responder por conta a pergunta que criei. Para alguém, cuja sabedoria das coisas do céu e do além horizonte é tão vasta quanto o conhecimento nesse mesmo assunto como possuído por uma criança, pode ser provável que pareça absurda a pergunta.
"Ora" diriam "o céu inteiro comparado a uma estrela só? Tão pequena, tão longe, tão branca... Contra o céu inteiro?"

Pouco sabem o quanto o céu é vazio... Quantas vidas seria preciso andar até encontrar o que quer que seja. Uma estrela é muito mais cheia de qualquer coisa (menos o nada) do que muitos cantos do céu. Por isso é chamado de espaço - há espaço, muito espaço, e coisa nenhuma o preenchendo a toda hora.

Digo então, que queria eu ser o céu, e deixar a você a glória e a adoração de ser a estrela. Com meu vasto vazio eu iria abraçar você, e quanto mais vazio a envolvesse, mais sua presença singela me preencheria. Mais a sua luz brilharia na minha escuridão sem fim, mais a sua localização importaria nos meus confins, mais a sua cor se contrastaria e mais o seu calor seria importante... porque no breu da entropia e na serenidade do vácuo, o que quer que faça a estrela torna-se muito belo, e muito importante.

E assim eu a envolveria, e do teu brilho faria toda uma existência.
Pois foi assim a vontade das leis da física:
que brilhasse mais forte a luz onde é mais escuro.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012




All I know

tudo que eu sei
Is everything is not as its sold
é que nem tudo é o que parece
But the more I grow
mas quanto mais eu cresço,
The less I know
menos eu sei.
And I have lived so many lives
E eu vivi tantas vidas,
Though I'm not old
mas não sou velha
And the more I see the less I grow
e quanto mais eu vejo, menos eu cresço;
The fewer the seeds the more I sow
quanto menos sementes, mais eu semeio.

Chorus:

Then I see you standing there
então eu vejo você ali,
Wanting more from me
querendo mais de mim,
And all I can do is try
e tudo que posso fazer é tentar;
Then I see you standing there
então vejo você ali,
Wanting more from me
querendo mais de mim,
And all I can do is try
e tudo que posso fazer é tentar,
Try
tentar...

I wish, I hadn't seen
Eu queria não ter visto
All of the realness
toda a realidade
And all the real people
E todas as pessoas verdadeiras
Are really not real at all
não são realmente verdadeiras
The more I learn the more I love
quanto mais aprendo, mais eu amo,
The more I cry the more I'll cry
quanto mais eu choro, mais eu chorarei
As I say goodbye to the way of life
enquanto digo adeus para a vida
I thought I had designed for me
que eu pensei ter escolhido para mim;

Chorus:

Then I see you standing there
então eu vejo você lá,
Wanting more from me
querendo mais de mim,
And all I can do is try
e tudo que posso fazer é tentar;
Then I see you standing there
então eu vejo você lá,
I'm all I'll ever be
eu sou tudo que sempre serei,
But all I can do is try
mas tudo que posso fazer é tentar
Try, Try, Try

All of the moments that already past
todos os momentos que já passaram,
We'll try to go back and make them last
nós vamos tentar revivê-los e fazê-los durar,
All of the things we want each other to be
todas as coisas que um quer que o outro seja
We never will be
nós nunca seremos
We never will be, and that's wonderful
nós nunca seremos - e isso é maravilhoso
That's life,
isso é a vida,
That's you baby, this is me baby
isso é você amor, isso sou eu,
We are, we are, we are, we are, we are, we are
nós somos
Free, in our love
livres, em nosso amor,
We are
nós somos
Free in our love
livres no nosso amor
Try
Tente

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Deus vive

Os deuses são amor, e por isso são anteriores à vida e posteriores à morte - como diz a bela.

Os deuses estão nas árvores, vendo-nos crescer,
e estão nos rios, vendo-nos correr.
Estão nas luzes, vendo-nos brilhar, e nas sombras, vendo-nos esconder.

Eles vivem nos caminhos, acompanhando-nos ao trilhar,
E vivem nas saídas, vendo-nos partir,
bem como nas chegadas, esperando-nos parar.

Habitam o silêncio, ouvindo-nos orar,
Vivem no vento, trazendo-nos notícias,
E estão na terra, fazendo-nos pensar.

Estão, enfim, no mundo.
São, enfim, o mundo.
Nunca estiveram longe.

Sempre viveram perto.