sexta-feira, 26 de abril de 2013

Há um enxerto estranho em minha alma.
Por vezes, não poucas, meu coração conheceu a mansidão sem que meu espírito - ou algo que é parte dele e tomo por todo - deixasse de ser irrestrito e inquieto. Nem santo nem libertino. Nem ancorado, nem livre. Talvez coisa enjaulada que é selvagem, talvez coisa solta, mas que é mansa.

domingo, 21 de abril de 2013

A Faint Monologue

I would gladly tell you I'm not that ghost in your attic. I would gladly swear I'm not that haunting on the roof.
Disembodied though not a liar.
What is a ghost like me but a part of you that has parted ways with parts of yours?
The hair is leaving the head,
The fingers are leaving the hands,
The nails protrude from touch,
The eyelashes detach from sight.

What am I but they all one step further?
What is a ghost like me but a part of you that finally got dettached, leaving you behind?
Perhaps tired of stalking you, perhaps bored to be ahead - content to be close, content to tread closely.

I'm a ghost, a part of you that finally evaded your being. I am now that part of you that ceased being yourself. That finally got free...

and died.

I do skulk around sometimes, here and there. I do show up with my ghastly face and some pale grin, or sometimes I manifest my voice for you to hear... But what are those if not similar to footprints left in the dust and grime, fingerprints etched on the glass window, hair found on the floor, breath clouding the mirror, eyelashes carried away by the rushing wind... A lost drop of blood, a fallen tear.

I could gladly and most convincingly tell you I am not the ghost over your roof. I would tell you I'm not haunting your attic, hovering above you, lost parts of me.
Disembodied, though. Not a liar.



Créditos da imagem: http://browse.deviantart.com/art/Death-and-the-Maiden-364335308

Florbela Espanca


Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem
Quem sou? um fogo-fátuo, uma miragem...
Sou um reflexo...um canto de paisagem
Ou apenas cenário! Um vaivém

Como a sorte: hoje aqui, depois além!
Sei lá quem sou?Sei lá! Sou a roupagem
De um doido que partiu numa romagem
E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!...

Sou um verme que um dia quis ser astro...
Uma estátua truncada de alabastro...
Uma chaga sangrenta do Senhor...

Sei lá quem sou?! Sei lá! Cumprindo os fados,
Num mundo de maldades e pecados,
Sou mais um mau, sou mais um pecador...

domingo, 14 de abril de 2013

"Busque Amor novas artes, novo engenho, 
para matar me, e novas esquivanças; 
que não pode tirar-me as esperanças, 
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho! 
Vede que perigosas seguranças! 
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde 
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto 
um não sei quê, que nasce não sei onde, 
vem não sei como, e dói não sei porquê."

-- Luís de Camões




Entendo perfeitamente bem. Compreendo o que aconteceu. Toda morte agoura uma nova vida, toda estação que se fecha está sendo seguida por outra.
E o sol para sempre seguirá nascendo toda vez que morrer quando começa a noite. Que dizer, então, quando o segundo sol chegar?


sexta-feira, 12 de abril de 2013

A dor causada pelo silêncio e pela indiferença é pior do que as angústias que as expectativas trazem e a esperança alimenta. A verdade, por mais que castigue, é direta e limpa, enquanto a mentira é um desengano fatal. Melhor sangrar na hora e ver, com o tempo, que a vida continua do que perceber tarde demais que mil cortes pequenos e ignorados deixaram secas as veias.
Por sorte, o amor e a amizade curam muito lentamente quase todas as feridas e fazem pesar menos, em alguns momentos, as decepções e tristezas. As belezas do mundo anestesiam as dores. Aquelas mantêm-se belas porque estas não deixam de doer.


sábado, 6 de abril de 2013

Um Eu Lírico


Fica difícil até de andar quando ela é o ar que eu respiro e não quero exalar, quando ela é vento no meu rosto ou a igreja que eu frequento.
Fica difícil descansar quando ela é a cama onde eu me deito, o lençol que me acompanha ou a geladeira onde eu medito.
Fica difícil relaxar quando ela é o silêncio que me acompanha, a música que eu escuto ou a água do meu banho.
Fica difícil conversar quando ela o assunto do qual falo, o tema que eu descrevo ou o motivo da minha fala.
Fica difícil trabalhar quando ela é meu happy hour, a minha cinco horas ou o contrário do meu chefe.
Fica difícil vadiar quando ela é o meu motivo, a conversa que me ganha ou o papo que me enrola.
Fica difícil até terminar esse aqui quando ela é o assunto, a hashtag mais bacana ou os 10 mais dessa semana.
Difícil, enfim, não falar dela, não pensar nela, ou não não-pensar nela.
Não é difícil nem saber a cor que tem tudo a ver com esse texto sem sentido...

Amarela.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Idle Versing#12


My love, when you come in dreams, please stay till waking is nonsense.
My love, when you come in songs, please echo till silence gives up.
My love, when you come in riddles,please puzzle me till reason is gone.