domingo, 21 de agosto de 2011

Não sou ninguém. Não sou nada. Se nada eu fosse, ainda seria alguma coisa. E essa coisa ainda não seria alguém.
A quem devo pedir que maldiga meu nome? Que amaldiçoe minha memória, que xingue minha herança, que faça pouco da minha face em pranto?

Estou cansado. Cansado de tentar ser algo, se não sou nada. Como posso não ser nada e ser algo que tenta ser algo ao mesmo tempo? Se sou jovem, como estou cansado? Se estou assim como estou, porque já não estou velho?

Sou um tolo, e tolo ainda é um bom elogio. Não quero elogios. Não sou digno de nenhum. Não sou digno nem dos xingamentos a que me atribuo. Nada não merece adjetivos.
Quero bem quem me quer bem, firo quem me quer bem. Gosto de quem gosta de mim, maltrato quem gosta de mim. Adoro que adora meu vulto, faço sofrer quem meu vulto adora. E agora?

Sou um tolo cansado. E isso é pior do que nada. Melhor ser uma concha vazia do que estrume. Melhor ser um saco de vento e palavras do que um pano sujo rasgado. Sou um tolo, tolo cansado ou tolo cansado de ser tolo?

Não queria magoar ninguém, muito menos quem me magoa por não querer jamais me magoar. Aminigos são tantos, como pensar em quem está além do alcance dos meus braços feios?
Peço que me tirem deste mundo se eu não souber fazer nada direito. Não quero fazer as coisas erradas, não por medo de errar, que isso é mais que humano, mas por não querer magoar. Magoar é tão ruim...

Meu castigo é ser um só. E ser isso. Ai de mim, que maldigo minha dádiva.

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