sábado, 6 de agosto de 2011

Confesso que, antes, ao ver-me desesperado ou demasiado triste para achar forças necessárias para encarar a vida cheia de problemas (como às vezes a vida se mostra), eu murmurava aos céus em sabe-se lá qual língua uma frase simples, mas que vinha do fundo do meu id:
Deus, me transforme em pedra.

E vejo que, hoje, no espelho, não tenho vontade de desviar-me de meu pedido. Mas, agora, há horas em que a tristeza não é minha, tampouco o desespero, embora este ainda persista em mim um pouco. Murmuro aos céus para pedra ser.
Uma coluna de pedra.
Uma casa de pedra.
Uma muralha intransponível de pedra.
Um muro altíssimo de pedra.
Ameias reforçadas de pedra.
Um chão firme de pedra.
Um teto que o vento jamais levará.

Quero ser pedra ainda. Talvez uma caverna, pétrea choça...
Para que quando você ameace cair, saiba que pode se apoiar em mim como se espelhos pudessem ser rijos como os ossos da Terra, ou talvez como se as pedras mais duras pudessem ser capazes de refletir o que está tão na cara e, ao mesmo tempo, tão profundamente enterrado.
Engaste em mim sua face.
Entalhe em mim as suas mãos.
Bate-até-que-fura as suas lágrimas.

Dê forma à pedra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário