segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Singela

Se sou o mar impassível,
É porque tu és o vento que me move.
Se sou a grama que se dobra,
É porque tu és o vento, que me ouve.

Se sou uma sombra passageira,
É porque tu és a nuvem que me cobre.
Se sou um momento de suspiros,
É porque tu és a nuvem, que me guarda.

Se sou a árvore tão fundo enraizada,
É porque tu és a luz que me alimenta.
Se sou o gelo de banquisas liberto,
É porque tu és a luz que aquece.

Se sou uma canção demasiado singela,
É porque tu és a atenção que me ouve.
Se sou uma rima feita de soslaio,
É porque tu és a atenção que me compôs.

E se sou a imagem que persiste,
É porque tu és a alegria que me evoca.
E se sou a alegria assim evocada,
É porque tu és a imagem que persiste.
Renovada.

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