sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A Noite Escura da Alma

O poeta espanhol e Santo Católico João da Cruz (Juan de Yepez Alvarez, 1542-1591) escreveu um poema entitulado "La noche oscura del alma", no qual retrata o caminho árduo da alma ao se desligar do corpo terreno para unir-se ao Criador. O caminho é difícil e a jornada dá-se de noite.
Há quem veja em seu trabalho não somente o relato de um homem indo ao encontro de seu Deus, mas também de qualquer alma que ame ansiando pelo momento em que finalmente encontrará aquela outra alma que ama.

Versão musicada pela canadense Loreenna McKennitt, inspirada no poema citado:



The Dark Night of the Soul

Upon a darkened night
Em uma noite escura
the flame of love was burning in my breast
a chama do amor queimava em meu peito
And by a lantern bright
E pelo lume de uma lanterna
I fled my house while all in quiet rest
Deixei minha casa enquanto tudo descansava quieto.

Shrouded by the night
Oculta pela noite
And by the secret stair I quickly fled
E pela escada secreta eu fugi velozmente
The veil concealed my eyes
O véu escondia meus olhos
while all within lay quiet as the dead
Enquanto tudo que me era interno estava quieto como os mortos.

CHORUS
Oh night thou was my guide
Ó noite, fostes minha guia
of night more loving than the rising sun
da noite mais amável que o sol nascente,
Oh night that joined the lover
Ó noite que juntaste o amante
to the beloved one
com aquele que é amado
transforming each of them into the other
transformando cada um no outro.

Upon that misty night
Naquela noite nebulosa,
in secrecy, beyond such mortal sight
em segredo, além da visão mortal,
Without a guide or light
Sem guia ou luz
than that which burned so deeply in my heart
que não aquela que queimava tanto em meu coração,
That fire t'was led me on
Aquele fogo me levou adiante,
and shone more bright than of the midday sun
e brilhava mais do que o sol do meio-dia
To where he waited still
Para onde ele esperava quieto
it was a place where no one else could come
Era um lugar onde ninguém mais poderia chegar.

CHORUS

Within my pounding heart
E meu coração batia,
which kept itself entirely for him
guardava-se inteiramente para ele
He fell into his sleep
ele adormeceu
beneath the cedars all my love I gave
sob os cedros entreguei todo o meu amor
From o'er the fortress walls
Por sobre os muros da fortaleza
the wind would his hair against his brow
o vendo sopraria seu cabelo contra sua face,
And with its smoothest hand
E com a mão mais gentil,
caressed my every sense it would allow
agradou plenamente cada sentido meu.

CHORUS

I lost myself to him
Esqueci-me de mim
and laid my face upon my lover's breast
e reclinei minha face no peito de meu amante
And care and grief grew dim
E a preocupação e a dor diminuíram
as in the morning's mist became the light
como na neblina matutina fez-se a luz.
There they dimmed amongst the lilies fair
Lá elas se esvaíram entre os lírios claros
there they dimmed amongst the lilies fair
Lá elas se esvaíram entre os lírios claros
there they dimmed amongst the lilies fair
Lá elas se esvaíram entre os lírios claros



TEXTO ORIGINAL DE SÃO JOÃO DA CRUZ:
 La noche oscura      
Canciones del alma que se goza de haber llegado al
alto estado de la perfección, que es la unión con Dios,
por el camino de la negación espiritual.

En una noche oscura,
con ansias en amores inflamada,
(¡oh dichosa ventura!)
salí sin ser notada,
estando ya mi casa sosegada.

A oscuras y segura,
por la secreta escala disfrazada,
(¡oh dichosa ventura!)
a oscuras y en celada,
estando ya mi casa sosegada.

En la noche dichosa,
en secreto, que nadie me veía,
ni yo miraba cosa,
sin otra luz ni guía
sino la que en el corazón ardía.

Aquésta me guïaba
más cierta que la luz del mediodía,
adonde me esperaba
quien yo bien me sabía,
en parte donde nadie parecía.

¡Oh noche que me guiaste!,
¡oh noche amable más que el alborada!,
¡oh noche que juntaste amado con amada,
amada en el amado transformada!

En mi pecho florido,
que entero para él solo se guardaba,
allí quedó dormido,
y yo le regalaba,
y el ventalle de cedros aire daba.

El aire de la almena,
cuando yo sus cabellos esparcía,
con su mano serena en mi cuello hería,
y todos mis sentidos suspendía.

Quedéme y olvidéme,
el rostro recliné sobre el amado,
cesó todo, y dejéme,
dejando mi cuidado
entre las azucenas olvidado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário