domingo, 31 de julho de 2011

ένα δάκρυ για τον Κρόνο

As palavras me traem. As nossas palavras nos traem.
Queria que minhas palavras me traissem mais.
Queria que as minhas palavras fossem um pouco mais expressivas.
Minhas palavras me traem.

O tempo riscou um sulco entre nós dois.
Um sulco, um risco, uma linha. Uma linha tão longa...
Jamais um círculo.
Não há círculo.
Não há círculo algum. Isolando ninguém.

Pule a linha. Eu seguro o que vier daí.
Por que não pulo? Pule e deixe-se enganar por mim.
Dê-me a chance de mentir tão bem mentido,
de poder usar da língua-de-prata, essa meu
dom divino de ficar invisível.

Mas se perceber que a mentira é insuficiente, não
objeto de maneira alguma que queira levar embora
a verdade. Não a quero. Odeio-a. Afasta-me dela.
Faz-me crer que o sulco foi riscado bem errado.
Que o sulco é errado entre nós dois, entre luz e sombra,
mas certo entre nós e a verdade.

O tempo riscou um sulco entre nós dois.
Que ele risque a nós dois,
mas jamais entre a estrela e o mar de escuridão.
Sem círculos. Sulcos, sem círculos.

Devora-me, ferrugem, e estala-me quando decidires que me quebras.

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