sábado, 17 de agosto de 2013

"Infinita Mente", de Carla R Nunes e Juliano R Maciel


- Amada, venha um pouco, porque eu já não tenho mais condições de ir.
Já fui tantas vezes ao teu encontro que perdi o caminho.
Cansei de ser a Penélope dessa Odisseia.
É muito mar pra pouco vento, muito caminho pra pouco pé.

Chega de fazer da bossa; fossa. É muita emenda pra pouco soneto.
Muita rima pra pouco som, pouca corda pra muita mão.
Muita saudade com muita vontade - tudo demais pra muito em vão.
É pouco Cristo pra tanto sermão.
Muita boca faminta pra pouco pão.

E cadê a flor na tua mão, que só vejo espinhos? 
E a tua roupa de seda, por que é de estopa?
E o teu batom, que já não te pinta a boca?
E o teu perfume, por que não agrada o ar?

Algum mel te adoça a amargura da boca? Algum riso te deixa mais leve a lembrar?
Quem cura tua alma doente? Teu corpo carente? Quem? 
Quem, no frio, te deixa mais quente? 
Amada, quem não diz a verdade mente.
Somente mente.


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