sábado, 24 de agosto de 2013

de Clarissa Castella

Eu me perdi quando encontrei
mãos feitas para vendar,
quando segui os passos 
de quem não soube guiar,
quando me atirei do abismo
acreditando nadar num mar

E enquanto caía eu via despedaçar
no vento o desespero de outrora,
a aurora da vida sufocar na guerra
o que em terra era o alento de quem chora,
pois é na frieza da brisa que floresce
do pranto a beleza do agora

é preciso enlouquecer e
é também preciso elucidar
quando o corte da adaga
é tão certo e preciso que
te faz renascer de tanto sangrar.

Tão certo é aceitar que
a cegueira que o coração
nos faz enxergar,
não diferencia o segundo
do eterno que cabe
ao tempo decidir passar.

Tão preciso é saber que
apesar de tanta fratura
exposta na esquina, há cura
pra calcificar o estrago do chumbo
grosso, pesado, disparado ao lado,
precisa-se amar.



Arte de Lorenzo Durán

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