quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Dormais – A morte por um milhão de cortes com papel

   Dor seca é rio seco. É resina seca. Árvore ressequida. Lago seco. Lágrima seca. Garganta seca. Face ressecada. Canal seco. Veia seca.
   Dor é rio.
   Dor é ressequida.
   Dor é ressacada.
   Dor é lago.
   Dor é logo.
   Dor é veia.

   Dor velha é casa velha. Mansão desabitada. Solar velho. Choça velha. Prostíbulo fechado. Tumba esquecida. Cova velha esquecida aberta. Barraco velho. Mãe velha.
   Dor é morada.
   Dor é habitada.
   Dor fechada.
   Dor aberta.
   Dor fachada.
   Dor coberta.
   Dor velha.

   Dor encravada. Dor são cravos. Dor pregada, dói apregoada. Dor apegada. Dor que prega. Dor que pega e prega. Dor é praga e praga pega.

   Dor é isso. Dor é mais. Dor sempre é mais. Doer é mais. Se dói, precisamente – dói mais. Dói demais. Dor de mais. Normas das dores.
   Dores normais.

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