quinta-feira, 5 de novembro de 2009

::: Amigos: esses desconhecidos

ONTEM de noite eu decididamente não estava legal. Contas atrasadas, desemprego, problemas com mulheres, trabalhos acumulados de faculdade. Resultado imediato: falta de concentração na aula de gramática e ânimo extirpado.

Parênteses! "ânimo", essa palavra tão singela... vem de anima, que em latim significa nada + e nada - que "alma". "Estou sem ânimo" = momentaneamente desalmado.

Bem (aliás, mal), como dizia, aqueles pequenos problemas do dia-a-dia estavam tirando minha paz. E, como sou implosivo, aposto que isso já me rendeu algumas horas de vida a menos (afinal, naquele mesmo dia descobri que as pessoas más vivem mais e as boazinhas vivem menos, palavra de Ana Maria).
Mas tudo melhora quando é dez horas, o momento em que o espírito do estudante se desliga do corpo e viaja pelo tempo e pelo espaço. E quando saí da universidade percebi que meu dom não falhou: o dom de, de repetente, perceber que todos os meus problemas tem uma solução e que a minha preocupação vem em excesso.

Só que eu não estava preparado para o que veio a seguir: eu esqueci meus problemas. É verdade que de tarde, enquanto eu estava escrevendo meu livro, também esqueci, mas assim que coloquei o último ponto final do capítulo, olhei ao redor e vi onde estava, passando pelo que estava passando. De noite, contudo, assim que cheguei no terminal de ônibus, reencontrei uma amiga de escola muito querida, uma dessas pessoas que têm o dom de animar (encher de alma?) o dia dos outros.
E não só ela: no ônibus, conversando com a galera (fundão da linha Tia Marta), desliguei total. Entrei em off. Nada de problemas, estes eram só assunto na conversa e mesmo assim mais pareciam coisa do passado do que complicações do presente.

Quando desci da limousine amarela, me toquei da terapia pela qual eu passei. Esse SUS do mundo fez com que eu percebesse o quanto eu estava me tornando pequeno diante dos meus problemas. Claro, hoje eu já lembrei deles de novo, mas muito mais forte na lembrança estão os quinze minutos de conversa com a galera amiga do ônibus... Realmente, concordo: o que seria da vida sem os amigos?

O irônico é que as contas que paguei hoje deram um valor menor do que eu esperava pagar. E meu FGTS sera na verdade mais que o dobro do que eu achava que ia receber. É, ignorância é uma bênção, mas a amizade é uma bênção maior ainda.

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