Cada sonho que se acaba é um acidente sem sujeito.
Cada medo que se instala é uma dor já incubada.
Cada peso que se sente é uma ausência do riso.
Cada porre que tonteia é um idílio aproveitado.
Cada corrente que se quebra é um fato selado.
Cada tragédia que se instaura é um pesar que se afasta.
Cada ente que se vai é uma dúvida espelhada.
Cada sentimento que se esvai é uma hora repetida.
Cada dúvida enraizada é uma coragem emancipada.
Cada consicência liberta é um assomo incontrolado.
Cada olhar enfurecido é um abraço destrançado.
Cada sentença proferida é um percalço imaginado.
Cada batalha perdida é uma morte instituída.
Cada membro que dói é um quê de desalento.
Cada fonte que seca é um futuro abortado.
Cada paciência que termina é um atestado da derrota.
Cada tapa sentido é uma ferida dada.
Cada música calada é um sentimento partido.
Cada anúncio repartido é um alheamento desnudado.
Cada boca com fome é uma fonte de marasmo.
Cada vergonha ignorada é uma chance sincera.
Cada verbo desmedido é um ponto de psicose.
Cada estudo preterido é um pouco de franqueza.
Todo amor perdido é um órgão falecido.
Ulian, 2012
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