Guardo minhas palavras no silêncio de um túmulo vazio:
Não temo a morte do corpo, que nunca morre, nem por onde envereda a alma, que sempre erra. Temo a morte do acreditar.
Guardo minhas palavras no silêncio da alcova abandonada.
Não falo não por não amar, mas por amar demais. Não chamo por não querer, só não ouso chamar. Não deixa-se a flor murchar em adoração ao Sol que a nutre e faz secar?
Guardo meu silêncio nas palavras de um feito cego.
Mal e mal observo, mal e mal troco olhares, pois aos fazê-lo estou cego, não sendo meu esses olhares e cego-me - dando a quem me olha os olhos meus.
Guardo meu silêncio nas palavras de um esquecido.
Pois como lembrar de algo que não é só meu? Terei morrido, ao ter entregue assim meu coração? Se sim, sorrio, pois ele segue a bater nas mãos que quero bem. Se não, sorrio, pois volta a bater nos braços que quero bem.
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