Musa! um gesto sequer
                    de dor ou de sincero
                    Luto jamais te afeie
                    o cândido semblante!
                    Diante de Jó, conserva
                    o mesmo orgulho; e diante
                    De um morto, o mesmo
                    olhar e sobrecenho austero.
                   
                    Em teus olhos não quero
                    a lágrima; não quero
                    Em tua boca o suave
                    e idílico descante.
                    Celebra ora um fantasma
                    anguiforme de Dante,
                    Ora o vulto marcial de
                    um guerreiro de Homero.
                   
                    Dá-me o hemistíquio
                    d'ouro, a imagem atrativa;
                    A rima, cujo som, de uma
                    harmonia crebra,
                    Cante aos ouvidos d'alma;
                    a estrofe limpa e viva;
                   
                    Versos que lembrem,
                    com seus bárbaros ruídos,
                    Ora o áspero rumor de um
                    calhau que se quebra,
                    Ora o surdo rumor
                    de mármores partidos.
Francisca Júlia foi a maior poetisa do Parnasianismo Brasileiro e nunca foi estudada com o destaque que merece. Seus amigos homegearam-na com um monumento em mármore a ser colocado em seu jazigo, e entitulou-se a escultura "Musa Impassível", atualmente guardada no acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
 
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