O Recluso, não sei se pobre coitado ou querido e estimado amigo que partiu, deixa suas marcas também. Indeléveis até o próximo tempo de inconstâncias. Agorafobia. Que fim para mim.
O Idiota é que tem que tocar a vida. Trabalha. Toma café. Fala. Tem vivido há mais de ano. Aprendeu a lidar com o relógio e com a boca e com a cama, mas não se pode exigir calor do inverno ou lambidas fiéis de uma cobra letárgica. Porque é essencialmente Idiota, ele, eu, não que o inverno ou as cobras sejam idiotas. O Idiota sou eu.
O Escritor, eis-me aqui mediando um conflito estranho. Uma guerra de ausências. Uma face para a qual os outros dois não parecem ligar. Não me incomoda isso. O desprezo, podem queixar-se alguns, é um fardo amargo e perturbador, mas alguém precisa ter por legado o esquecimento. Alguém precisa herdar a indiferença. Alguém precisa ser o corredor, pois o mundo está cheio de quintais e grandes salões.
Sou mais de um, e todos eus não nos comunico.
"Mad Man", arte de Sakimi chan
[http://sakimichan.deviantart.com/]
[https://www.facebook.com/pages/Sakimi-chan/1409836239257534]
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