Será o coração o verdadeiro amante? O último dos romanticos, aquele que no abraço está na verdade dando um beijo em outro coração?
E estará o coração abraçando aquele coração que ama quando o sentimos apertado?
E será que finalmente desfalece, descompassado, quando o resto do corpo insensível não mais ignora suas saudades cardíacas? E será que finalmente morre, parando de bater, tentando a morte por causa de seu cardioamor?
Será que compõe, que rima, que fantasia átrios e coronárias? Ou será que sonha com veias cavas e delira com hemoglobina?
E quando está acelerado, será a inquietação, sua libido muscular? Ou será que, sendo na verdade tímido, está descomposto e tenta em vão se esconder na sala grande que é o mediastino?
Bem, mas é um bom amante, um bom romântico. Já nas graças do povo falador, ignorante de sua metafísica de s2, recebeu um pouco de justiça:
Coração que é coração não bate, apenas - apanha.
Tal como homem que é homem e não respira, apenas - ama.
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