Opinião não é leito de rio. É o próprio rio.
O leito é o que a gente cava com voz,
É liberdade que brota do ar puxado,
Que ganha a garganta e a boca é foz.
Opinião é coisa límpida se é fluída.
Estanque, é água de brejo de bichos.
Se flui da boca e ganha a paragem,
Oferta água e mata sede de ideias.
Opinião é água que corra veloz.
Parada não é boa amiga de vela.
Que corra desatada no degelo da razão,
Ou tímida contida no sussurro cabido.
Opinião não é água que se possa vender.
(Sabe-se hoje dos males da água engarrafada)
É bem comum que faz bem em se guardar,
Mas que deve-se ver fluir e não achar que é gastar.
Opinião corra solta em leito cavado por vontades,
Que role pedras de razão, esses coágulos de chão,
E que seja viva, que abrigue vida, que dê a vida.
Que desague e desamargue um oceano final
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