mãos feitas para vendar,
quando segui os passos
de quem não soube guiar,
quando me atirei do abismo
acreditando nadar num mar
E enquanto caía eu via despedaçar
no vento o desespero de outrora,
a aurora da vida sufocar na guerra
o que em terra era o alento de quem chora,
pois é na frieza da brisa que floresce
do pranto a beleza do agora
é preciso enlouquecer e
é também preciso elucidar
quando o corte da adaga
é tão certo e preciso que
te faz renascer de tanto sangrar.
Tão certo é aceitar que
a cegueira que o coração
nos faz enxergar,
não diferencia o segundo
do eterno que cabe
ao tempo decidir passar.
Tão preciso é saber que
apesar de tanta fratura
exposta na esquina, há cura
pra calcificar o estrago do chumbo
grosso, pesado, disparado ao lado,
precisa-se amar.
Arte de Lorenzo Durán
Nenhum comentário:
Postar um comentário