"Se você fosse outro que não você, e esparso, seria o céu ou a estrela?"
Assim penso perguntar, mas me faltou por um momento alguma coragem boba que não é vergonha faltar. Talvez a resposta fosse bela, ou mais provavelmente boba, e geraria um par de comentários interessantes e mais palavras novas de amor e novidade sucederiam ao que poderia ser uma boa frase, começo de longa ideia.
Penso, então, que eu devo responder por conta a pergunta que criei. Para alguém, cuja sabedoria das coisas do céu e do além horizonte é tão vasta quanto o conhecimento nesse mesmo assunto como possuído por uma criança, pode ser provável que pareça absurda a pergunta.
"Ora" diriam "o céu inteiro comparado a uma estrela só? Tão pequena, tão longe, tão branca... Contra o céu inteiro?"
Pouco sabem o quanto o céu é vazio... Quantas vidas seria preciso andar até encontrar o que quer que seja. Uma estrela é muito mais cheia de qualquer coisa (menos o nada) do que muitos cantos do céu. Por isso é chamado de espaço - há espaço, muito espaço, e coisa nenhuma o preenchendo a toda hora.
Digo então, que queria eu ser o céu, e deixar a você a glória e a adoração de ser a estrela. Com meu vasto vazio eu iria abraçar você, e quanto mais vazio a envolvesse, mais sua presença singela me preencheria. Mais a sua luz brilharia na minha escuridão sem fim, mais a sua localização importaria nos meus confins, mais a sua cor se contrastaria e mais o seu calor seria importante... porque no breu da entropia e na serenidade do vácuo, o que quer que faça a estrela torna-se muito belo, e muito importante.
E assim eu a envolveria, e do teu brilho faria toda uma existência.
Pois foi assim a vontade das leis da física:
que brilhasse mais forte a luz onde é mais escuro.
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