Diz a lenda que sobre aquela ponte, em um dia de primavera, passavam um monge idoso e seus discípulos jovens. Enquanto o mestre contemplava as águas rasas e de correnteza forte, percebeu um pequeno escorpião tentando inutilmente manter-se fora da água agarrando-se às pedras.
O mestre, compadecido da pequena criatura, correu até a margem do rio e entrou na água e conseguiu tirar o escorpião de lá. Mas no caminho para a margem, o escorpião, assutado, picou o dedo do mestre, que por instinto e resposta à dor acabou largando o escorpião no rio.
Sem pensar duas vezes, o venerável correu até a margem e apanhou um graveto, voltou para o rio e, com esforço, conseguiu fazer o escorpião subir no graveto e assim tirou-o da água e levou-o em segurança até a margem seca.
Assim que voltou para junto de seus discípulos, que a tudo viram, um dos jovens perguntou:
"Mestre, não entendemos. Por que se esforçou tanto para salvar um animal que picou a única mão que o ajudou?"
O mestre, sorrindo enquanto retomava a marcha, disse para os jovens:
"O escorpião agiu de acordo com a natureza dele. Eu agi de acordo com a minha."
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