Toda pena de amor, por mais que doa,
no próprio amor encontra recompensa.
As lágrimas que causa a indiferença,
seca-as depressa uma palavra boa.
A mão que fere, o ferro que agrilhoa,
obstáculos não são que amor não vença.
Amor transforma em luz a treva densa.
Por um sorriso amor tudo perdoa.
Ai de quem muito amar não sendo amado,
e depois de sofrer tanta amargura,
pela mão que o feriu não for curado.
Noutra parte há de em vão buscar ventura.
Fica-lhe o coração despedaçado,
que o mal de amor só nesse amor tem cura.
(1896)
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
terça-feira, 26 de abril de 2016
"Fica, minha choça, onde habita gente", de Tao Yuanming
Fica, minha choça, onde habita gente,
Mas perto de mim não fazem barulho cavalo e carroça.
Saberias como isso é possível?
Um coração distante cria ermo para se cercar.
Pego crisântemos sob a sebe a leste,
Então olho ao longo para as colinas veranis ao longe.
O ar da montanha é fresco quando o dia anoitece:
Voltam, dois a dois, os pássaros voando.
Nessas coisas reside um sentido profundo;
Mas quando o expressássemos, as palavras falhar-nos-iam.
~Tao Yuanming (365–427)
"My hut in a zone of human habitation,
Yet near me there sounds no noise of horse or coach.
Would you know how that is possible?
A heart that is distant creates a wilderness round it.
I pluck chrysanthemums under the eastern hedge,
Then gaze long at the distant summer hills.
The mountain air is fresh at the dusk of day:
The flying birds two by two return.
In these things there lies a deep meaning;
Yet when we would express it, words suddenly fail us."
(Traduzido por Arthur Waley, 1919)
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